domingo, 30 de novembro de 2008

17 de Novembro

Acabo-me de deitar e começo a escrever o meu dia, nunca o tinha feito e eu sei que é infantil, mas hoje não pode passar incólume. Enquanto escrevo estas linhas, olho para mim e vejo um corpo desfalecido na alma, mas lembro-me do passado quando me deitava na cama ao som do MP3 e adormecia tranquilo ao som de uma boa música, por esta altura, de uma das músicas mais românticas que conheço onde o Axel diz: ”...Porque nada dura para sempre, nem mesmo a chuva fria de Novembro...” e pergunto-me onde estava essa chuva hoje?
Hoje fui convidado para ir a um sítio que eu tenho muita consideração, apesar de algumas peripécias para encontrar o anfitrião, encontrei e encontrei também uma greve onde essa chuva fez tanta falta para acalmar os ânimos, pois os grevistas lutavam pelo seu direito, com tarjas e cartazes, apesar de haver uns que não se coadunavam com a luta, alguns armados em reaccionários e outros em arrivistas tomando investidas hostis contra os fantoches dos fascistas que tentavam apelar ao bom senso dos injustiçados, mas nada lhes valeu a não ser uma limpeza no fato derivado dos ovos projectados.
Foi um dia em que eu vi que estava errado, porque passei de imprescindível a dispensável e vi jovens que outrora julgara fracos demonstrarem serem heróis por lutarem na sua causa nobre contra a perseguição que têm feito aos estudantes. De manhã enaltecedor e ganhador no snooker, à tarde disperso pela inutilidade.
A verdade custa ouvir, sobretudo quando descobrimos que o que acreditamos numa vida inteira pode morrer num dia como o 17 de Novembro. O governo quer comer tudo e não deixar nada para esta nação frágil e desequilibrada pelas migalhas que estes abutres esbanjam em manjares.
Pode ser um aviso para uma revolução, como aquela no mês dos revolucionários que deram ao povo o que ele já não tem hoje.

1 comentário:

Anónimo disse...

Muito bom...

Mas esqueceste-te de referir que também perdeste nesse dia no snooker, não foi uma vitória de mão beijada!!

Ahahahah

Um abraço