segunda-feira, 28 de junho de 2010

Pirâmide

Ficou suspensa no horizonte a chuva quente
Que andava perdida num qualquer coração,
Que suspira por quem o torna eloquente
Nestas tardes abrasivas de Verão.

As horas não passam de tempo,
Um tempo interminável pela tua presença,
Que chega a desesperar por ser tanto tempo,
Para tão pouco naquele que nos une na indiferença.

Talvez os olhares nada queriam dizer,
Quem sabe se nem seriam para mim,
Mas esta esperança, apesar de sem força para viver
Ocupa-me a alma e a tristeza que por vezes tenho em mim.

Faz-me sentir vivo, com coração,
Pronto acreditar ou até mesmo a amar
Quem me tem prestado um pouco da sua atenção
Naquele frio reduto que costuma estar a abarrotar.

Não vejo em mim nada capaz de o fazer,
Sou simples e simplesmente desinteressante,
Talvez complicado de compreender
A loucura que me torna interessante.
(Momento de Modéstia)

É nesta pirâmide que balança de contradições
Que tento viver, reinventar
Uma Vida esquecendo as desilusões
Para ser feliz, para poder sonhar, para amar.

Foi assim que hoje me senti, com saudades de te ver,
De imaginar o impossível, de olhos abertos para poder acreditar
Em ti ao meu lado, pronta e disposta a vencer
A barreira que inventei para ocupar o meu lugar.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

O Delinear de um Convalescente

            Sonhar é acreditar, é transcender-nos para outra dimensão, é a felicidade no seu estado mais puro que nos torna capazes de ser alguém. Sonhar é sentirmo-nos bem mesmo quando estamos mal. Vence e serás um alvo, perde e serás um esquecido. Portugal é um país de esquecidos, não que tenham sempre perdido, mas um país mais dado à cultura de outros povos em detrimento da sua. Quando quebrar esta rotina ou quando eu partir neste desfalecimento, fico contente por saber que tanto os génios como os tristes têm o mesmo entusiasmo no fim da sua vida, a morte é dada apenas a uma cerimónia. E se nada de mim restar, que apenas fique na memória tudo o que é bom de sonhar.
           E se afinal tudo o que nos ensinaram estiver errado? Porquê, não é? Será que Vida é sonhar e viver só por si não passa de uma desilusão? Se calhar todos temos duas vidas e não sabemos! O amor é um caos, é uma mutação constante de enigmas, um espelho de verdades, algumas inconstantes que chegam a ser uma mentira. Amar pode ser a destruição do sonho, amar pode não ser amor, pode ser apenas uma obrigação. As aparências podem iludir, as opiniões podem ser dúbias, nada melhor do que utilizar a imaginação para conhecer a realidade, quem sabe se o que as separas não é apenas vazio, uma opinião errada, podemos viver a sonhar. Como? Acreditando, talvez!

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Desânimo

Apodera-se da minha boca um triste silêncio,
Aliás em meu redor impera este intimidador silêncio
Que apenas se quebra com a chuva que me veio acompanhar,
Mas até ela parece desiludida,
Cansada, fulgurante e repentina na sua despedida
Dando lugar ao sol que nos tenta acariciar.

São destroços aquilo que vejo dentro de mim,
São estilhaços, fragmentos, páginas, linhas, palavras, silêncio,
Mais e apenas silêncio.

Às vezes viver é um desalento,
É um caos de interrogações,
Um labirinto de esperanças
Que só brilham quando estamos a sonhar.
A exaltação torna-se num vício,
A revolta incessante apodera-se do silêncio
E tudo o que poderia ser um sinónimo de vida
Torna-se uma antítese de viver,
Até amar (entre tudo ao específico) parece aborrecido.

Nem sempre consigo disfarçar a tristeza,
Mas também não adianta andar sem sorrir
De tudo, de mim,
Tento e treino uma felicidade,
Algo que me faça acreditar que estou vivo.
Tento reinventar um sorriso
Para não parecer tão mal, nem que seja
Para não estarem constantemente a perguntarem o que tenho,
Como senão o soubessem!

Desligo o coração, ligo apenas a cabeça,
Como se isso fosse possível?
Talvez fosse bom!
Porque por vezes acreditar
É dar mais uma oportunidade para nos magoarem.

sábado, 5 de junho de 2010

Interlúdio

           A minha cabeça parece uma pista de aterragem, eloquente neste desassossego. Perdi a vivacidade nos movimentos de que já fui mais do que um simples ignorante. Tudo, por vezes, parece fácil, feliz; rotina arriscada para delinear o caminho. As sombras da noite parecem densas o suficiente para me encobrirem, a ausência não escasseia no relógio. E por vezes me canso de alguns loops de alguém que nem conhecem, há sempre umas pernas roxas ou modernamente pretas para fazerem uma ponte nisto tudo. Palavras quebradas de sentido, nem tudo tem que ter uma explicação, apenas existe a necessidade de normalidade. Momentaneamente saciado. Apetece-me dormir, sonhar realidades, outras; aproveitar este vento, esquecer que a raiva é momentânea e que a tristeza é imortal; apago a televisão no fim do V de Vingança e tento acordar esperançado que sempre ao cair me levantarei assim. Foi bom reencontrar-te, tive saudades. Tenho saudades vossas. A música começou por se tornar a maior magia do Mundo, simples e capaz de unificar qualquer sentimento, qualquer pessoa, qualquer lugar numa simples e harmoniosa razão, viver!

terça-feira, 1 de junho de 2010

Dia da Criança


  
          Sinto-me ridículo por acreditar que sou forte, capaz de viver a vida sem olhar para trás, não passando de um fraco, amor, carinho, afecto. Deixo o Mundo à conquista para quem o quiser fazer. Gelei! Caía do telhado um caminho de água disperso, revia-me nele, cada pingo que batia estrondosamente no chão parecia um dia da minha vida, um dia secará e acabarei por morrer, o Mundo seguirá o seu destino e tudo não passará de paisagens temporais. Sinto-me fraco desde o dia em que nos perdemos, fraco ao ponto de ser manipulado por sentimentos bonitos, fraco por tê-los tornado em sentimentos esquecidos, fraco por ter vontade de chorar, fraco por me sentir sempre fraco.
           Tento reinventar a felicidade nesta felicidade toda e sentir que tudo não passa de nada, aliás tudo se transforma em nada, deixo este tudo de nada se apoderar de mim mesmo. Fico ausente para continuar a lutar contra este sentimento que tende em resumir tudo à inexistência. Até podia ter começado com um “Foi há um ano que te perdi”, mas até para isso me sinto fraco, por estar sempre a constatar a minha derrota, talvez também a tua.