domingo, 30 de novembro de 2008

Poema de Guerra

Acordei desolado
E estarei a sonhar?
Não oiço as bombas a cair
Matando aqui ao lado
Pessoas que queriam voar
Deste Inferno a ruir.

Consegui sobreviver,
Mas já não tenho nada
Nem família, nem amigos
Só esta vontade de morrer
Nesta guerra endiabrada
De homens malignos.

Porque não falam?
Em vez de destruir
Cidades inteiras
Nas noites onde se embalam
Crianças a ouvir
Gritos de todas as maneiras.

Começou novamente
Estes tiros ensurdecedores
Daqueles que dizem trazer a salvação,
Mas morreu minha mente
E o meu corpo cheio de dores
Por paz no meu coração.

Sonho triste,
Continua esta guerra
Chuvosa e fria
Que consiste
Em dizimar a minha terra
Durante todo o dia.

Porque não se comportam
Como homens inteligentes
Em vez de bombardear
E dizimar o que não suportam
À distância. Já não há continentes
Onde as bombas nos deixem passear.

A guerra bateu-me à porta
E eu não a queria deixar entrar,
Mas não o consegui fazer,
Entrou e deixou toda gente morta
E com medo de respirar
Pelo sofrimento que é morrer.

Vagabundo

O nevoeiro é fumo que cega a alma da alegria que os outros esboçam, onde a indiferença de pessoas que achei valer a pena, transforma o sangue de minhas veias em veneno pronto a ser destilado por minha boca de forma a causar dor. O ódio é revoltado pela descrença da raça humana e a noite não é suficientemente escura para esconder a solidão e o desgosto que meus olhos transmitem em dias que o meu coração esgota-se de emoção.
Pacificamente a noite chegou ao céu estrelado por montes que esconderam o sol e onde se ecoam gritos de esperança. Encontro-me perplexo de tédio pela vida que levo, onde me criticam por qualquer ínfimo pormenor e sou julgado por ser uma pessoa que não ombreia o sue nome.
O presente lembra-me o passado, um passado que não consigo lembrar e um futuro que não sei, mas pressinto que o esquecimento veio para ficar e é aí que meus olhos fraquejam para não verem a realidade e o coração esmorece pela dignidade. Hoje está a chover e eu estou feliz, não só porque sempre adorei ouvir chover, mas porque significa que não sou o único a estar triste.
A luzerna do sol já me acorda, mas hoje não me sinto capaz de enfrentar a realidade, porque já não sei como combater a desilusão de ter perdido o pouco que tinha. Os carros hoje vão ter de se arrumar sozinhos, porque a noite não foi suficiente para me fazer esquecer que estou entregue a mim mesmo e que as poucas pessoas que me falam são os meus companheiros de residência de céu aberto e os voluntários da misericórdia que me ajudam a sobreviver.
Quando era pequeno adorava esta altura do ano por causa das prendas, dos enfeites de natal e da amabilidade das pessoas, mas agora que sou um mero vagabundo passam do outro lado da rua para não olharem para mim. A minha família morreu no dia em que me deixou de tratar como um inútil para me tratar como um desconhecido e então fugi para longe das suas acusações, das pessoas que me apontavam o dedo por não ser como elas.
Tenho saudades de alguns familiares e amigos, mas quando já vou na segunda garrafa de vinho para me aquecer sobre as condutas do metro nos meses frios, esqueço-me daqueles que deixei e adormeço na esperança de um dia ter coragem para os enfrentar. É verdade eu fugi para não desiludir e magoar as pessoas que amo, não consegui lidar a minha “ódiodependência” e dupla personalidade que me excluíram de ser um miúdo normal. A chuva fria bate no meu corpo como murros e salta nas pedras desgastadas que tantas vezes contei para adormecer do passado que tenta esquecer para não sofrer.

17 de Novembro

Acabo-me de deitar e começo a escrever o meu dia, nunca o tinha feito e eu sei que é infantil, mas hoje não pode passar incólume. Enquanto escrevo estas linhas, olho para mim e vejo um corpo desfalecido na alma, mas lembro-me do passado quando me deitava na cama ao som do MP3 e adormecia tranquilo ao som de uma boa música, por esta altura, de uma das músicas mais românticas que conheço onde o Axel diz: ”...Porque nada dura para sempre, nem mesmo a chuva fria de Novembro...” e pergunto-me onde estava essa chuva hoje?
Hoje fui convidado para ir a um sítio que eu tenho muita consideração, apesar de algumas peripécias para encontrar o anfitrião, encontrei e encontrei também uma greve onde essa chuva fez tanta falta para acalmar os ânimos, pois os grevistas lutavam pelo seu direito, com tarjas e cartazes, apesar de haver uns que não se coadunavam com a luta, alguns armados em reaccionários e outros em arrivistas tomando investidas hostis contra os fantoches dos fascistas que tentavam apelar ao bom senso dos injustiçados, mas nada lhes valeu a não ser uma limpeza no fato derivado dos ovos projectados.
Foi um dia em que eu vi que estava errado, porque passei de imprescindível a dispensável e vi jovens que outrora julgara fracos demonstrarem serem heróis por lutarem na sua causa nobre contra a perseguição que têm feito aos estudantes. De manhã enaltecedor e ganhador no snooker, à tarde disperso pela inutilidade.
A verdade custa ouvir, sobretudo quando descobrimos que o que acreditamos numa vida inteira pode morrer num dia como o 17 de Novembro. O governo quer comer tudo e não deixar nada para esta nação frágil e desequilibrada pelas migalhas que estes abutres esbanjam em manjares.
Pode ser um aviso para uma revolução, como aquela no mês dos revolucionários que deram ao povo o que ele já não tem hoje.

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Amor (Visto por um Frustrado)

Quando estou no meu quarto e olho em meu redor, vejo livros de vários tipos, mas olho com cuidado para aqueles que contam histórias com várias peripécias e que acima de tudo o bem vence sempre o mal com a ajuda do amor.
Amor.....é curioso ser uma palavra que vence tudo rimar com dor e que nós somos desde pequenos incentivados à sua doença e que um dia o nosso coração se unirá com outro coração para todo sempre. O amor simplesmente morreu e já há muitos anos, porque desde há muito tempo que existe casamentos arranjados, dotes como benefício do casamento, manipulação de sentimentos em detrimento da conta bancária.
Com que moral estes casais falam de amor? E é este sentimento a que somos induzidos como indelével pela vida fora? A esperança de sermos felizes depende do nosso nome?
Quando era pequeno sentava-me na borda da cama e olhava pela janela as estrelas, na noite triste, pensando como seria a vida sem amor, agora que escrevo meus pensamentos acredito que haja paixão, porque se houvesse amor as pessoas não se divorciavam, não passavam por cima de tudo e todos por objectivos fúteis, eram felizes.
O amor de mãe é o único que é verdadeiro, porque apesar da nossa importância para o Mundo, elas gostam sempre de nós e não sentem isso como uma obrigação.
O amor é um negócio e eu já estourei o meu plafond de sofrimento. A paixão existe sempre, porque não é como a esperança que morre quando já não temos capacidade para sofrer.
O amor é uma ilusão, aliás como tudo.

sábado, 8 de novembro de 2008

A Queda Dum Romântico

Acordei sobressaltado e pensei que simplesmente acabou, é triste e estranho, mas tudo está diferente e já não volta.
Para que a alegria volte era preciso que tudo fosse diferente, porque o norte parece sul, o Inverno é idêntico ao Verão, a mentira é verdade, a verdade resume-se à cruel verdade, o amor é como uma loja onde quem tem posses compra uma imitação da felicidade, o coração uma máquina de fazer dinheiro, a realidade um inferno, a felicidade um sonho, a dignidade um estatuto inalcançável, o romantismo uma palavra sem tradução na nossa língua.
O Mundo tornou-se um lugar frio, onde a amizade sem dinheiro, é dos poucos sentimentos que sobreviveu a esta mudança que a vida concedeu aos seus usuários. O horizonte não está triste o suficiente que traga a chuva para lavar a maldade que existe dentro de mim, mas foi suficiente para apagar a chama do amor que residia nos corações das pessoas.
Para quê acreditar nem sentimento a que as mulheres não dão valor? Elas usam, deitam fora e depois a tristeza, que é para além de muita e só, faz nos sentir os seres mais vis do Mundo e que usam a sua escrita para pedir desculpas ou pedir clemência ao seu ser impiedoso.
Acabou. As mulheres são o nosso veneno e a perdição de as tentar fazer feliz leva-nos à loucura. Tenho medo!!! Vou dormir e tenho receio de acordar com o vento a segregar à minha alma que tudo isto ainda não acabou. A emoção de viver um grande amor escapa-se pela incapacidade das pessoas ouvirem o seu coração.

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Poema Triste

Eu desisto de tentar
Ser uma pessoa normal
Que vive de aparências
Numa sociedade de imitar
O que outros fazem de mal
Para parecerem referências.

Nada do que eu possa fazer
Torna-se relevante nesta sociedade,
Porque o sonho de ser maior
Morre na noite que faz esquecer
O passar da amarga idade
Em comunhão de ser o pior.

Se o passado era quase perfeito,
Onde o álcool regava os nossos dias
E me saciava o esquecimento
De viver um sonho imperfeito
Por ter criado bastantes empatias,
Perdendo a vida em cada momento.

O sol não consegue iluminar minha alma,
Nem me tornar um ser perfeito
Com um bondoso coração
Onde o maior desejo era uma vida calma
Em que existisse algo de verdadeiro
Para alem desta triste solidão.

Perdi a esperança de ser alguém
E de me transformar numa pessoa boa
A quem os outros recordam com alegria,
Mas nunca encontrei ninguém
Que acredita-se que eu sou uma pessoa
Para alem desta imagem dura e fria.

O que me resta é sonhar
Com um dia em que a morte
Acabará com o sofrimento
Que eu sinto com este pensar,
Em que todos merecem a sorte
De me causar um eterno ferimento.

Angelicalmente toca-me o esguio olhar
De alguém que pouco me conhece,
Porque eu não sou que pareço ser
Nem alguém que possa avisar
Que o amor é para quem o merece
E eu não tenho esse dom para viver.

É apenas um poema triste
Que poucos irão ler,
Porque poucos conhecem esta realidade,
Para além de impiedosa, consiste
Em sonhar com a alegria que não se pode ter
E de viver para além da nossa ingenuidade.

domingo, 2 de novembro de 2008

A Revolta do Desgosto

A noite cai em cima do meu corpo débil de amargura, onde o frio é apenas uma brisa comparado com o meu coração que se encontra gélido de raiva e nem com a ajuda da chuva quente ele tende a ceder pela esperança de ser mais um a tentar encontrar o caminho da felicidade. Ela não morre, mas desgasta a alma porque a auto estima é uma ilusão da realidade que nos limita a mentalidade na descrença da idade por voos maiores. A morte é vista como a salvação para aliviar a nossa dor.
É triste viver com tendências para arranjar confusão e de ser acusado de todos os males do Mundo, apesar de outrora ter sido considerado um bom amigo, tenho os piores defeitos que a Humanidade conheceu e conhece, mas não conhece o poder que minha mente tem, os meus olhos ficam vidrados e com a sede de punir aqueles que apontam o dedo por não ser a melhor pessoa do Mundo. A realidade de ser uma pessoa má e que ninguém olha mais de que uma vez, a não ser que tenha medo, apenas o ódio alimenta a minha sede de vingança, esta realidade de merda que é a vida cometeu um erro ao criar-me e com isso o provocador da dor voltou para mostrar aos outros que a solidão e a tristeza do 18 é apenas uma forma de desculpa para os prevaricadores.

sábado, 1 de novembro de 2008

Criação do Mundo

Esta história remonta aos tempos da criação
Do Mundo, onde Deus tinha que lidar
Com um Diabo mentiroso a tentar sentar
Na Cadeira do Poder, mas ouvia sempre um não.

Um dia Deus precisou de ir tratar de uns assuntos aos confins,
Mas tinha de deixar alguém sentado na sua cadeira,
Então convocou três testemunhas para que de certa maneira
Confirmassem que tinha sido emprestada, por causa de alguns fins.

A Água, a Lua e o Sol assistiram à cerimónia,
Mas foi-se embora e o Diabo começou a iludir
As testemunhas, prometendo poder em troca de mentir
Para o Diabo assumir o poder e comandar esta Babilónia.

Passaram alguns dias e Deus acabou por voltar
Encontrando o Diabo sentado e pediu-lhe para a devolver,
Mas o Diabo disse que lhe tinha sido dada e não a queria perder.
Então Deus chamou os três elementos para poderem testemunhar.

Quando foram confrontados havia outra versão
A Água e a Lua mentiram com o intuito de ajudar
O Diabo a comandar o Mundo sem pensar,
Mas o Sol contou a verdade e explicou a razão.

Deus ficou muito zangado com toda esta situação
Retirando o Diabo da cadeira do poder
E castigando os seu cúmplices no seu viver,
Já o Sol em comunhão com Deus continuou a criação.

O Diabo foi remetido
Para as profundezas da Terra,
Por ter tentado espalhar a guerra
E por ter mentido.

A Lua apanhou o castigo de só aparecer
De noite para que pudesse iluminar
Todos aqueles que verdade não gostam de falar
E com a escuridão têm que conviver.

A Água o pior castigo e mais temível
Que foi nunca poder estar parada
Percorre todos os sítios acordada
Sem o descanso sempre apetecível.

Para o Sol ficou guardado o melhor lugar
Que serve para iluminar as pessoas de bom coração
Que não são manipuladas em nenhuma ocasião
E que viverá sempre para nos aconselhar.

Indiferença pela Incapacidade

O que posso eu dizer? Todos os meus pensamentos deambulam pelo vago, mas acabam por ficar comigo a sonhar com o inalcançável desta vida. Por mais que eu tente fugir ou disfarçar a revolta, ela acaba por me devorar e obriga-me a escrever sobre o meu destino, da vida.
Acham que é fácil falar na injustiça que eu sinto por ser diferente e de não a poder destruir, da agonia de ver tanta felicidade, da solidão imaculada que me é espetada no corpo pela alegria dos outros, pela necessidade de escrever para desabafar, da incapacidade de controlar a minha desumanidade pelas pessoas, da descrença no amor de viver.
Há sempre uma mulher por detrás da nossa queda, porque nós homens mais tarde ou mais cedo fazemos asneira. A minha está cansada e meu olhar perturbado, o meu sonhar desgastado na esperança do recomeçar.
Então pergunto-me porque escrevo sobre uma coisa tão infeliz? A minha escrita não serve como um pedido de clemência por ajuda de alguém, mas como de um alerta para aqueles que se revêem nestas palavras.
A nossa perdição é não saber controlar o coração.