quarta-feira, 31 de março de 2010

Miúdo

Foi num dia triste que conheci um miúdo,
Todo ele era aleatório,
Não era bonito, nem rico,
Mas tinha uma virtuosa qualidade,
Era feliz e tudo em seu redor
Sentia isso, era notório!
Este poema a ele lhe dedico,
Àquele contente miúdo
Que só queria como pano de fundo
Para a sua modesta vida
Um verdadeiro Mundo,
Que mesmo com o passar da idade
Não caísse numa enorme descida
Às profundezas da tristeza
Contra quem ele lutava com tanta clareza.
Hoje voltei a ver esse miúdo…
De aspecto físico estava igual,
Mas já não tinha o mesmo ar feliz,
A mesma alegria contagiante,
Aliás parecia velho e desinteressante,
Estava quase irreconhecível o miúdo
De quem tanto se disse e ainda se diz
Ser harmoniosamente desigual
A este versátil Mundo
Que nos embala num segundo
Para uma enorme tristeza.
Foi assim que eu o achei!
Só, somente só
De tudo o que o rodeia,
Mas sonhador com destreza
Numa realidade alheia
Que dizimou em pó
Toda a sua energia.
Hoje quando vi esse miúdo
Achei-o parecido com alguém,
Desumanizado miúdo
Que voltaria a encontrar
Quando me olhei ao espelho
E o vi a chorar.

quinta-feira, 25 de março de 2010

Mescla de Personalidades

           Que diabólico dia! Podia ser assim recordado, de extremos, embebido no tropicalismo, do desejado ao esquecido, paralelismos dúbios que me fazem acreditar numa escritora, uma amiga quer me dizia que qualquer pessoa é dispensável por uns raios de sol! Não me lembro o nome dessa prodigiosa escritora, tinha um rótulo de esquecimento bonito, um nome recto, mas uma barreira para a minha memória, decerto que não levaria a mal o meu esquecimento a nível pessoal, contudo não temos necessidade de ferir a sua genialidade, mas se para tudo existe um imenso infinito, porque é que não podemos ter vários nomes? Somos um todo, mas nem todos os dias somos capazes de ser iguais, como estes dias de mudanças climáticas repentinas, será que em cada um de nós existe um protótipo de evolução? Afinal os nomes são meras matrizes de socialidade e se em cada um existir uma parte diferente, capaz de ter um nome diferente, capaz de substituir o nosso nome, em caso de necessidade, para o nascimento de um ser melhor, com um novo nome, luminoso num Mundo esquecido. Há em mim uma necessidade de recriar a minha insatisfação. Chamava-se Daniela.

domingo, 21 de março de 2010

Dia Mundial da Poesia

Hoje é Dia Mundial da Poesia,
É dia para muitos corações conseguirem escrever,
É neste dia que as linhas choram de alegria
Na recordação das palavras que irão morrer.

Uma panóplia de temas variados
Que muitos ou poucos ousam exprimir,
Desde amores desequilibrados
Até as banalidades que nos fazem sorrir.

Um dia destes não é para se desperdiçar,
O sol apareceu para aquecer o meu coração
E para me lembrar que a poesia faz descarregar
Todo o ódio disfarçado de falsa paixão.

Eu tive um dia de m....

sábado, 20 de março de 2010

Apontamentos no Caminho

               Hoje está um belo dia! Olho em meu redor e está tudo tão harmoniosamente composto, desde o céu que parece um algodão branco que consegue escassear a luz enquanto a chuva, que por agora se calou, mas mesmo assim deu um grande alento à arquitectura natural e transformou a estrada num espelho; passando pelas amendoeiras em flor, parece mesmo um manto de neve, artificial, Gilda deve estar muito orgulhosa do seu Ibn-Almundim. Realmente está mesmo um óptimo dia, em especial para me lembrar que perdi todas as minhas paixões, agora são meras lembranças; nisto o vento levanta-se, ao de leve, óptimo, é forte o suficiente para me enxugar a cara, para me secar a alma de toda a revolta. Em síntese, um belo dia para tantos sentimentos de raiva florirem, mas o que se pode fazer num dia assim, mesmo quando sei que a escuridão desabou sobre o teu recordar e o que era umas boas imagens diárias não passam agora de paisagens esquecidas? Pára tudo, a chuva voltou a acordar, não deixa de ser bom, aliás ainda bem porque assim serve de maquilhagem para o meu desassossego. Os passarinhos resguardam-se ao pé de mim, vieram-me reconfortar, talvez consigam pressentir o meu sentimento de esquecido por tudo o que já me foi imprescindível. Não importa, vai passar, como sempre tem que passar, para eu acreditar como tenho acreditado que há dias como hoje, espectaculares, por outra, que o predominante não seja o tédio.

terça-feira, 9 de março de 2010

Intencionalmente Déspotas

               O sol findou dias de intensa chuva, os meus olhos cerravam com tanta luminosidade, mas o frio gelava o meu coração e o vento abria a minha alma, um bom dia, podia até ser excepcional, mas tanta luz traz a verdade para tantos olhos, a minha imagem será sempre o meu cartão de apresentação, por sinal um mau cartão, que será sempre superior a qualquer outra minha qualidade, porque o meu extravagante corpo será sempre a primeira palavra da minha boca, mesmo fechada, a caracterização de uma pessoa. O mais engraçado, para além das mil lâminas que atingem a minha moral senão tiver o padrão da perfeição instituída pela déspota sociedade, sou considerado arrogante caso discorde com alguém, sobretudo se me for superior na escala, talvez seja um pouco, mas talvez seja mais um revoltado, um exaltado; quem sabe eu poderia nem precisar de nada disto para viver, mas para pessoas como eu, encorpados desproporcionais, o limite é o vazio, a inexistência, a extinção. Só nos resta a lamentação silenciosa.

quinta-feira, 4 de março de 2010

Inglória Felicidade

                    Dói-me a alma! Hoje o sol apareceu para abrilhantar o cinzentismo que por aqui tem passado nestes dias, hoje até podia ser um bom dia, mas passou ao lado, as expectativas esfumaram-se por entre leve neblina e nem a luz que hoje veio, me demoveu desta inglória felicidade. Espero que logo à noite a minha autenticidade me venha buscar à cama, o único sítio onde ainda sou genuíno, pelo silêncio da noite, depois de lá ter depositado a desfragmentação de mim mesmo, assimilando a vida ao sonho, onde ainda vivo aparte da destruição da minha alma, do meu corpo, do meu nome, porque é aquilo que sempre fui, apenas um nome, do qual se desvanece no esquecimento e é substituído pela decepção.