terça-feira, 11 de janeiro de 2011

2011

           O Mundo é uma imitação de si mesmo, é uma constante mutação, é um fingidor de convicções, é uma moda falsa! Somos todos! Pertencemos a ele, na sua plenitude. Podia falar especificamente, mas não para já, vou falar em casos gerais, saio numa noite para beber café e vejo sobretudo miúdas entrelaçadas em nicotina e álcool, rodeados por muitos amigos, de ambos os sexos, por vezes cometendo loucuras, por vezes esboçando somente a sua alegria estrondosa. Nada de estranhar, fim de noite, chego a casa e ligo a internet (impressionante o que lá se pode encontrar, perigoso por vezes) e encontro em páginas de redes sociais as mesmas pessoas que vi no café, talvez não sejam as mesmas pessoas, talvez sejam as verdadeiras, sem grandes euforias, com “posts” genuínos, mostrando por vezes a sua fraqueza, embora implicitamente; lanço o meu olhar pelas suas informações e constato que muitas nem referências têm à família, os seus gostos musicais passam por aquelas bandas que tentam completar a ausência, que nos tentam situar no silêncio para sobrevivermos, bandas mais conceituadas como os The Cure, Portishead, Placebo, Radiohead, Muse que agora até viraram moda, agora ouves Muse és “fixe” e já não aquele “nerd” como no tempo do Showbiz; com as confirmações/emergentes Sigur Rós, The Arcade Fire, Snow Patrol, The xx, La Roux, todos estes nomes têm se esforçado para ajudar as pessoas com lacunas, ainda bem que existem pessoas capazes de porem em palavras sentimentos tão minuciosos, de criarem ambientes melancolicamente agradáveis para a solidão.
           Há um caso que me desperta mais atenção, uma miúda jovem, bonita, atraente, simpática, inteligente, em suma, com todas as qualidades apreciáveis numa mulher; sente-se só, escreveu quase por estas palavras na sua página de uma rede social, existe nela uma espaço entre a realidade e a perfeição, chama-se amor, decerto haverá explicações e tudo pode não passar de especulações, mas a verdade é que ela tem refugiado a sua simpatia nas ríspidas palavras do Valete, cada um lida da melhor forma que consegue com as suas desilusões/preocupações, e em tantas casas existirá tantas pessoas iguais a esta singela miúda, que encanta só de olhar para o seu sorriso, mas a imagem heróica que criaram de outra pessoa não passou de um esboço falhado, só por isso não têm que fechar o seu coração aos outros, talvez nunca mais tenham dado uma oportunidade a mais ninguém de se mostrarem, os preteridos, que ainda hoje estão lá para as ajudar, nem esses tiveram essa sorte, e eles sempre estiveram lá.
           E o que vejo, até eu próprio talvez já tenha participado neste ciclo viciado, é que neste ano novo que surge, apelidado de difícil, desde a entrada do euro todos são, mas este em particular devido a factores globais, devemos enterrar guerras, abrir novos caminhos de esperança, estar unidos e pensar, assim como Eça escreveu: “Deus deu-nos o dom de o amar, não de o compreender…”, ou para quem não acredita no messias dos cristãos, que na vida nada acontece por acaso, tudo se reflecte numa introdução a algo melhor e temos a oportunidade certa no início de mais um ano seguir com a nossa vida, não de nos prendermos a um passado a que nada já interessa senão a vontade de amar que existia nessa altura. Parafraseando o malogrado actor António Feio: “Façam o favor de serem felizes!”.