quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Dejá Vu

               Dejá Vu! É exasperante tentar perceber! Olho para esta avenida de sonhos desfalecidos, desfocados em esperanças vãs, mas elucidativas. Estou cansado, sento-me descaindo os braços pelas pernas, concentro-me em intransitivas realidades, não que me apeteça, mas porque assim o tempo me obriga, penso e repenso chegando sempre à mesma conclusão; trago em mim uma necessidade enorme de beber, o álcool é o maior calmante da alma, ajuda momentaneamente a esquecer a razão pela qual começamos a beber, reduz o nosso ego a uma ingénua e enganadora felicidade, pego na garrafa fechada e deixo-me cair para trás, mantenho-me deitado nesta estrada de ambições desfiadas até que o tempo me traga a sabedoria de desistir. E é sem perceber nada que neste abismo de mágoas que me penduro, tento facetar o olhar para extrair algo de positivo de todos os acontecimentos que me obrigam a escrever, não que eu não goste de escrever, mas pelo motivo que o tenho de fazer, faz-me por em causa tudo e mesmo o pouco talento que poderia ter tido acho que o perdi. Sou apenas uma (des)ilusão e tudo o que faço é um espelho disso, por tudo isto é que a resignação é a única via para a socialização.         

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Alquimia Invertida

               O silêncio é rasgado pelo impetuoso coro de onomatopeias vociferadas por Dexter Holland e seus comparsas, acordo no meu leito de inquietudes, aproveito os últimos dias de Verão, levanto-me com a cabeça dispersa em tantos lados, apresso-me no tempo que se desenvolve, que estranho, parece que a noite trocou com o dia, está escuro, aliás muito escuro; também parece que o mar se mudou para o céu, está aguerrido nos projécteis diluídos que expele nas suas marés, uma preparação para o Inverno, talvez, mas vai ensaiando um dissimulado sorriso de timidez e breves aparências solares; estão reunidas as condições para a melancolia, sustentadas pelo ambiente quente que está no carro, pelo desprezo que sinto pelas músicas que estão a passar na rádio, faz-me silenciar tudo e desenvolver uma das minhas corrosivas lembranças de hoje, a descaracterização de um amigo, ele parece como o tempo de hoje, inesperado, lamentável, sinto-me apreensivo pelo seu desalento, ele tem o seu coração maniatado pela sua auto-estima, que ao ver a hipótese de ser feliz, recua por achar que não tem capacidade para tanta responsabilidade, por se achar inferior a tudo, refugiando-se na arrogância, num Mundo recriado e viabilizado pelos filmes que vê, tentando dissolver esta felicidade em esquecimento, sorrindo, por vezes, para esquecer o que lhe faz sofrer. Não sei como o hei-de ajudar? Não o gosto de o ver assim, amargurado, apesar de hoje ter-me parecido bem, um pouco sarcástico, mas está estável, amanha será uma incógnita, está despedaçado pelo seu amor, encontra-se desiludido, ele tem se parecido tanto comigo!