terça-feira, 28 de junho de 2011

Rupturas

    Há dias em que acordo com uma sedenta vontade de me exprimir, mostrar toda a revolta que sinto pelas políticas dominadoras, pelo domínio exercido que nos torna vulneráveis a opinião de alguém, esta minha índole política faz-me apetecer partilhar algumas opiniões, apesar de não gostar de política, mas serei fútil ao ignorar o que me faz crescer para a sociedade, para o Mundo?
   Começo por algo mais suave, a dependência pelas mensagens à borla, logo aí um erro, porque se é pago um tarifário é para termos direito a um serviço, logo não são de borla, estão contempladas, uma boa estratégia de marketing, um convite ao consumismo, porque a activação destes serviços cria a vontade de ter algo sempre para dizer, nem que seja um simples olá, mas este mecanismo de comunicação faz com que cada pessoa gaste com o telemóvel mais de 100€ por ano, sem estes serviços qualquer um acharia um exagero, mas com franqueza, actualmente sem um serviço destes estamos sujeitos a mandar uma mensagem e ficar sem resposta, hoje em dia viver sem um tarifário destes é como viver sem internet, computador ou o próprio telemóvel.     
   Agora passo para assuntos mais frágeis, as inúmeras religiões que existem, sendo que a maior parte acredita e venera o mesmo Deus, só que dizem mal umas das outras porque cada uma acha que ela é que sabe amar de verdade o seu Salvador. Deus tem um coração demasiado grande onde todos temos o nosso lugar, até mesmo as pessoas que não acreditam nele, são para nós um teste à nossa fé, mas cada um é livre de ter a sua opinião, ou a falta dela, e talvez essa falta de opinião exista pelo monopólio financeiro que essas religiões vão adquirindo à custa dos seus fieis, esquecendo por vezes os seus próprios ensinamentos; e se numa ideia megalómana todas as religiões que veneram o mesmo Deus se unissem num acto de fé, numa reestruturação das suas bases irredutíveis, numa renovação da esperança que as pessoas necessitam para acreditar neste Mundo onde cada vez mais escasseia a Humanidade entre pessoas, reparemos então no caso do nosso Portugal, atravessamos uma grave crise, ignorada durante muito tempo pelos nossos políticos, agora vem o FMI injectar dinheiro a troco de mais dinheiro, mas Portugal não precisava só de dinheiro, precisava de ser reeducado, precisava de adoptar as boas medidas que os outros países têm para não estarem constantemente a precisar de ajuda, podiam vir cá nos ensinar estratégias válidas, não manobras de recurso, nós até somos um povo dotado de algumas capacidades, não se podem esquecer que foram os portugueses que descobriram quase meio Mundo, temos pessoas a singrar desde o desporto à literatura, passando pela arquitectura até à música, logo por azar que manda no nosso dinheiro são políticos; mas acima de tudo somos humildes, por vezes até demais, e não pretensiosos como certas pessoas que vão para as praias dos outros países aproveitar a sombra das falésias e fazer das placas a dizer Danger um belíssimo estendal; nunca fechamos os olhos à evolução, não fingimos ignorar o aparecimento dos carros híbridos em detrimento da fonte do petróleo.
       No dia de Portugal ouvi uma reportagem onde entrevistavam personalidades sobre o que era ser português, uma mulher disse o mais acertado, somos um povo melancólico, ela tem toda a razão, somos um povo triste, incapaz de viver com a sua tristeza, no máximo conseguimos conviver, no fundo todos nós somos frustrados, Portugal ajudou a escrever muita da história do Mundo e agora vivemos aparte, à mercê da esmola dos outros, somos comandos por uma Alemanha que esteve sempre na origem das grandes guerras pela sua sedenta vontade de esmagar os outros, vivemos da compaixão sentimental, nem monetária, de uma grande potência chamada Brasil, um povo que fomos nós que os ensinamos a falar e mesmo assim nem aprenderam correcto, no fundo para dizer que em tudo existe política, um jogo de poder, de ganância, onde só um ganha, que me lembre só existe um jogo onde ambas as partes podem ganhar: o Amor, e esse é um jogo tão complexo de jogar, é na falta dele que cresce o ódio, por sua vez sacia a vontade de viver meramente por uma felicidade pura.
        Despeço-me nas palavras de Chino [Moreno]: “Now drive me, so far away, I don’t care where just far away”, talvez todos os que nos revemos nestas palavras sejamos irresponsavelmente cobardes por acreditar que existirá sempre alguém que numa situação má nos levará para longe dos problemas, será que esse lugar existe ou mesma até essa pessoa?

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Um Decadente Homem

Em toda a sua plenitude o cenário era desolador,
Um pobre Homem caminha para casa vagarosamente
Sem pressa de chegar, sem amor pelo que está em seu redor,
Desmotivado e desinteressado pelo seu estado demente.

Recolhe a uma sala fechada
Onde um piano adormece inconsolado
Pela tristeza desbravada
Do seu executante quando é tocado.

Uma sala pequena que tinha nas paredes frases e apontamentos
Que aquele insurrecto Homem escrevia na sua amargura.
Pelo chão garrafas vazias impunham-se para esquecer momentos
De realidade, concebendo um estado ultra dimensional que perdura.

Em cima do piano repousava o contagiante livro do desassossego,
Em cima do livro um bocado de lata dando vida a um cemitério de cigarros,
Tudo estava num terrível e abismal, talvez inquietante, sossego
Até ele começar penosamente a tocar o hino dos desesperados.

Só o frio rasgava aqueles momentos de tensão
De notas descompensadas no seu tempo devido,
Sobre uma desconcentração que vinha do coração
Que perdeu a inspiração e a força com que era movido.

Aprendeu a não gostar de tudo o que um dia gostou,
Enquanto espicaçava aquelas teclas com a Creep dos Radiohead,
E sobre aquela magnífica melodia então apenas cantou:
“I love you so much, but I lost you in my head”.

Um improviso embargado pelas lágrimas comoventes
Que deixava cair sobre a sua tenebrosa dor
De não poder contar com mais ninguém para além daquelas cúmplices paredes
A quem ele confidenciava os seus segredos, medos, as tristezas e o seu rancor.

Saiu. Por vezes só aquela sala interessava,
Por vezes apetecia-lhe quebrar todas as regras que sabia,
Sair por entre indefinições e experimentar o que o ultrapassava.
Martirizava-se, sentia-se parvo por se ter apaixonado por quem não conhecia.

Voltou para casa imerso numa enorme escuridão,
Apenas quebrada pela chuva que caía abundantemente
No momento em que percebeu que vivia numa ilusão
Profunda, sem saber como sair e seguir em frente.