sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Carta ao Pai Natal


Querido Pai Natal,

Venho por este meio comunicar-te o que desejo como presente para este Natal. Pensei muito antes de escrever porque a vida não está de luxos, mas cheguei à conclusão que não preciso de nada material.
Eu não sei se me consegues dar neve pelo Natal para poder brincar com a minha sobrinha, mas contentava-me apenas com um beijo quente das minhas princesas, gostava do abraço quente lembrado daqueles amigos que nunca esqueceram quem eu sou, de palavras com ternura envolta em carinho com uma pitada de amor para incentivar o alcance de uma pessoa melhor, de segundas oportunidades para todos aqueles que erraram, de tecto para aqueles que têm de levar com a chuva gélida ao adormecer, paz para cada coração aterrorizado, alegria para cada pensamento triste, esperança para cada desesperado afectado pelo efeito negativo do amor, dignidade por nós próprios, crença na alma que nos deu nome, coragem para vivermos aqui, acima de tudo Felicidade ou lá como isso se chama.
A única coisa que eu queria para mim era um recomeço de mim mesmo para mostrar ao Mundo que poderia ter sido outra pessoa, mas compreendo o teu receio de errar, não te culpo por nada, porque não foste tu que me desprezas-te quase todos os dias, mas o único a quem confio os meus pedidos. Já agora uma família.
Ouve o que as outras pessoas pedem porque eu não sou importante, aliás nunca fui e estou habituado, resta-me apenas pedir-te que consigas entregar tudo a tempo e que faças alguém feliz.
Aconselho-te a vestires roupas quentes por causa do frio não gelar o teu bom coração. Tem um grande Natal e que vivas eternamente. Despeço-me com um grande abraço para ti deste teu amigo de Portugal.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Chuva Poética

Caiu um e dois pingos sobre a estrada de espiche, era o início do choro que o céu nos tem proporcionado, mas é triste e falo comovido da angústia com que as nuvens carregadas e escuras pelo derramamento de tanta emoção percorrem milhas de mar celeste à velocidade do raciocínio das pessoas.
A paisagem recompõe-se numa madrugada que está imergida pelo nevoeiro cerrado que assombra a nossa luz, as árvores estão cheias de frio, pois o maroto do vento despiu-as e continua enlouquecido a gritar e a assobiar pelos montes e vales o grito que nos atormenta.
Cenário perfeito para embeber a inspiração naquilo que nos persegue e na glória que nos faz sonhar. Deito-me para ouvir melhor a afluência das palavras que se articulam em frases como as gotas que caiem e formam poças. É estupendo como num dilúvio se poderia construir bons textos, mas as pessoas não reparam porque o seu passo largo de sombrinha aberta virada contra as rajadas tapa-lhes a visibilidade da criatividade e não reparam na avenida que se abre em cerimónias para os que a observam.
Quantas pessoas já contemplaram em termo de comparação a força com que a chuva bate no vidro da nossa janela com um coração a marcar a compasso as emoções que passam pela nossa vida? Com dias assim todos poderíamos escrever textos bonitos para oferecer aqueles que mais gostamos como sinal de agradecimento e ganharmos o respeito que a chuva já ganhou na nossa vida.
És tu que embalas o meu sonhar em dias que a descrença do meu escrever é posta em causa por aqueles que souberam ler.
Boa Noite.