quinta-feira, 13 de maio de 2010

Esgotando a Linha Final

           Diz-se que é nestas alturas que se escrevem bons textos, não é esse o meu objectivo, nem foi isso que me trouxe aqui, aliás este texto não é para ser ouvido, mas para eu desabafar sobre este amontoado de sentimentos. Sinto-me nada, um desvio numa estrada secundária onde ninguém passa, uma tempestade de areia no deserto, sinto-me esquecido dentro de mim mesmo, perdi o meu sorrir num coração qualquer, talvez não faça mal andar sem sorrir? E saber que um desses corações se chateou comigo sabendo que eu tinha razão, preferiu enxovalhar-me, mesmo sabendo que essa pessoa não me vai pedir desculpas, eu vou ter que a perdoar. Estou magoado, revoltado, podia invocar o mais prodigioso poeta, reencarnado em Álvaro de Campos, para exteriorizar em palavras toda a minha amargura, mas não, sinto-me egoísta ao ponto de preferir continuar sozinho esta sucessão de palavras indignadas.
            Perdoei-te, não me senti melhor, senti-me mais aliviado, o problema é que pressinto que estas divergências a qualquer momento estão de volta e faz-me sentir mais fraco ainda, incapaz de ser frio quando assim tem de ser, incapaz de acreditar nesta felicidade que me querem incutir. Hoje nada me demoveu deste rancor por tudo, apetecia-me beber copos de absinto enquanto jogava à roleta russa para me esquecer que sou um triste, um coitado, um tolerado. Pareço um cão, que só leva pontapés. Este caminho não está certo.

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