domingo, 16 de maio de 2010

Delírios na Feira

Os amigos são como as cartas,
Espontâneos e ao mesmo tempo intemporais,
Escrevem-se com o selo de para sempre nas suas linhas
E com a enternecida intenção de serem imortais.

Já não consigo manter todas as cartas,
Tento-me agarrar aos estilhaços que pairam pelo chão,
Para me sentir vivo e recordar todas as vitórias
Antes de voltar à derrota e mergulhar na escuridão.

E se ao mesmo tempo houve amigos que não apareceram,
Confesso, tenho saudades de os rever,
Já outros que cá estiveram
Pareceram desinteressados ao me ver.

Também há amigos que são como cartas rasgadas,
Que um dia nos juntamos para o Mundo vencer
E noutro já não estavam para me ver perder.
Amigos! Se são amigos que se pode chamar a essas pessoas.

Hoje não quero me lembrar de tristezas,
Sinto-me contente por rever tantos manuscritos esquecidos
E ainda mais por ter voltado a reler tantas cartas esquecidas,
Aí senti-me grande outra vez no meu Mundo de despercebidos.

Mais um, outro e outro e revejo mais um antigo amigo,
Traz ao peito o desejo de querer é porcas.
E outro que traz um lenço consigo
Na boca, ao estilo dos ladrões, de facto tenho um diversificado espólio de cartas!

Não somos os únicos!
Vejo aqui na Feira da Ascensão pessoas tão desigualmente desiguais,
Que têm dificuldade em se movimentar de igual com a multidão.
Já outras parecem tão perfeitamente iguais
À minha cansada vista, que sente dificuldade em as distinguir
E em perceber se em cada uma existe um coração,
Fotocopiado, com a capacidade para mais um sorriso fingir.

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