sábado, 20 de março de 2010

Apontamentos no Caminho

               Hoje está um belo dia! Olho em meu redor e está tudo tão harmoniosamente composto, desde o céu que parece um algodão branco que consegue escassear a luz enquanto a chuva, que por agora se calou, mas mesmo assim deu um grande alento à arquitectura natural e transformou a estrada num espelho; passando pelas amendoeiras em flor, parece mesmo um manto de neve, artificial, Gilda deve estar muito orgulhosa do seu Ibn-Almundim. Realmente está mesmo um óptimo dia, em especial para me lembrar que perdi todas as minhas paixões, agora são meras lembranças; nisto o vento levanta-se, ao de leve, óptimo, é forte o suficiente para me enxugar a cara, para me secar a alma de toda a revolta. Em síntese, um belo dia para tantos sentimentos de raiva florirem, mas o que se pode fazer num dia assim, mesmo quando sei que a escuridão desabou sobre o teu recordar e o que era umas boas imagens diárias não passam agora de paisagens esquecidas? Pára tudo, a chuva voltou a acordar, não deixa de ser bom, aliás ainda bem porque assim serve de maquilhagem para o meu desassossego. Os passarinhos resguardam-se ao pé de mim, vieram-me reconfortar, talvez consigam pressentir o meu sentimento de esquecido por tudo o que já me foi imprescindível. Não importa, vai passar, como sempre tem que passar, para eu acreditar como tenho acreditado que há dias como hoje, espectaculares, por outra, que o predominante não seja o tédio.

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