quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Ondas de Incerteza

           Errar é sinal de humanização, errar sistematicamente é displicência pela arte, não errar é uma mera ilusão do nosso ego. O silêncio apoderou-se das minhas mãos, a minha alma cessou no medo da solidão, por vezes ponho em causa tudo o que fiz, o que deixei por fazer, o que deveria ter feito, em tudo isto existe um toque crescente de vazio, em vão talvez o esforço de me ter tornado a pessoa que sou, quem sabe se perdi a oportunidade de não ser assim, são as dúvidas que nos assolam a vida, que nos tornam vulneráveis. A nossa alma até pode parecer morta, mas existe sempre uma chama que a pode reacender do seu adormecimento e trazer de volta o que o tempo insistiu em esquecer, quem sabe se um dia seremos apenas o melhor de nós mesmos.
           O calor abafa-me os pensamentos, indicio cansaço, tudo parece ridículo nestas linhas, tudo parece tão verdadeiro e ao mesmo tempo fantasioso, errado, viver é como uma equação, nem todos a resolvem-na à primeira. O fracasso não é um resultado, mas pode ser um desvio demorado na solução. O vento tenta-me adormecer na sua inquietude e talvez consiga, é sempre bom adormecer ao pé de algo revoltado com o falsamente perfeito, fecho os olhos e desapareço sem uma resposta, nesta dimensão existe outro eu.

2 comentários:

Ana Rita disse...

Padrinho, só tenho uma coisa a dizer: impressionante. É bom reflectir com as palavras de outrém. Poucos conseguem escrever assim.

O Padrinho disse...

Bom texto este...
É bom ver que a inspiração voltou e que voltaste a escrever como antigamente!! ;)
Quanto ao novo aspecto do blog de 0 a 5 dou 4, apesar de gostar do aspecto, por vezes tenho de andar a passear com o rato para cima e para baixo para conseguir ler... tirando este pormenor está óptimo.
Grande abraço e continua a debitar palavras ;)