domingo, 3 de outubro de 2010

Uma Estrada Chamada Solidão

           Sigo por esta estrada fora, já se desenlaça nela três dias deste mês de transição, está desgastada pelos anos que por aqui têm passado, pelas pessoas que singularmente aqui passam, pelo desespero de serem sempre os mesmos aqui a passar, parece tão velha como a sensação mais ambicionada do Mundo, parece difícil de a percorrer, é difícil encontrar alguém, mesmo sabendo que por aqui passa tanta gente, são gotas de tempo que vão caindo como as pedras que lanço por entre o caminho, para além do frio que aqui se faz sentir, há também o cansaço que se apodera da nossa cabeça.
           Encontrei dois homens descansando, é tão raro encontrar aqui alguém, sem querer ouvi o que diziam, o mais eloquente palreava sobre deslumbres, enquanto o mais ponderado sábio dizia que ele deveria amar as qualidades dela, não o seu dinheiro; continuei o meu caminho em pensamentos, mas aquelas palavras pareciam-me demasiado sinceras para serem ignoradas, aquele sábio parecia tão céptico, mas afinal é um apaixonado, um sonhador, para ele o poder era supérfluo aos olhos do amor, apesar de saber que as mulheres gostam de poder, os homens gostam de poder, ele próprio, mas para ele o único medo era aqui estar sem a menina dos seus olhos, ele encontrou o seu rumo e está feliz, apesar de estar aqui, mas deve ser só às vezes; resto eu, um simples ouvinte de histórias, um dia pode ser que tenha algo para acrescentar à minha.

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