sábado, 25 de julho de 2020

Quando Olho para Ti

Quando olho para ti, já não és tu que consigo ver!
Por entre contornos tingidos no horizonte perdido,
Nas palavras que nunca te disse, que nunca te escrevi,
Nas emoções que guardei e nunca consegui transmitir
Por ti, para ti, o quanto especial conseguias ser,
As garrafas que deixei, as noite que perdi,
O meu pensamento viciado e dorido
Tranquilizou quando te viu partir.

Quando olho para ti, lembro-me por saudade
No significado da nossa união,
Poderosa pelo tempo que passávamos a nos provocar,
Perigosa pela tendência em quebrar a nossa amizade
Elevando-a a algo mais espiritual, com uma maior tensão
Que atenuava os nossos traumas, o nosso corpo, o nosso jeito de amar.

Quando olho para ti, sinto a falta que me fazes de ser especial,
De ouvir palavras loucas, de ser arranhado, mordido,
De tudo o que fazíamos ou éramos, nesse tempo,
Nunca tive medo,
Nunca senti medo nos teus braços, no teu coração,
Nunca tive sonhos em que tu não fosses a estrela principal,
Nunca tive vontade de chorar ou me sentir perdido,
Nunca imaginei que sem ti houvesse tanta escuridão.

Quando olho para ti, não me vejo a teu lado,
Culpabilizar alguém seria o maior erro a cometer,
Porque foi bom e sempre que me lembro de ti,
Fico com um sorriso parvo na cara,
A minha alma quebra, como no dia que te vi
No jardim ao lado de tua casa, com o teu cabelo desviado
Pelo vento emancipado, pelo sorriso que me fez derreter
E perceber o quanto tu és rara.

Quando olho para ti, sinto vergonha de mim mesmo,
Sinto que te perdi e me perdi consequentemente,
Foste um raio de luz na penumbra de minha alma,
Sem ti não saberia tantos significados,
Tantas alegrias, tanto de mim mesmo,
Foste a única capaz de me decifrar verdadeiramente,
Sem querer nada em troca, só amor, a tua calma
Perdura na paz dos nossos atos.

Quando olho para ti, sinto uma enorme gratidão,
Fico feliz por te ver sem mim, real,
Tu merecias mais, tu mereces mais,
Tu necessitas de mais!
Alguém que não use o silêncio para te amar,
Alguém que seja maior que ele próprio e use a compreensão
Para apaziguar a tua solidão desleal,
Para reconfortar o teu jeito de sonhar.

Quando olho para ti e era isso mesmo que eu que queria fazer, 
Olhar para ti, sem ser um olhar desnaturado,
Acompanhado do que nunca te consegui dizer,
Obrigado!

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