quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Chuva Poética

Caiu um e dois pingos sobre a estrada de espiche, era o início do choro que o céu nos tem proporcionado, mas é triste e falo comovido da angústia com que as nuvens carregadas e escuras pelo derramamento de tanta emoção percorrem milhas de mar celeste à velocidade do raciocínio das pessoas.
A paisagem recompõe-se numa madrugada que está imergida pelo nevoeiro cerrado que assombra a nossa luz, as árvores estão cheias de frio, pois o maroto do vento despiu-as e continua enlouquecido a gritar e a assobiar pelos montes e vales o grito que nos atormenta.
Cenário perfeito para embeber a inspiração naquilo que nos persegue e na glória que nos faz sonhar. Deito-me para ouvir melhor a afluência das palavras que se articulam em frases como as gotas que caiem e formam poças. É estupendo como num dilúvio se poderia construir bons textos, mas as pessoas não reparam porque o seu passo largo de sombrinha aberta virada contra as rajadas tapa-lhes a visibilidade da criatividade e não reparam na avenida que se abre em cerimónias para os que a observam.
Quantas pessoas já contemplaram em termo de comparação a força com que a chuva bate no vidro da nossa janela com um coração a marcar a compasso as emoções que passam pela nossa vida? Com dias assim todos poderíamos escrever textos bonitos para oferecer aqueles que mais gostamos como sinal de agradecimento e ganharmos o respeito que a chuva já ganhou na nossa vida.
És tu que embalas o meu sonhar em dias que a descrença do meu escrever é posta em causa por aqueles que souberam ler.
Boa Noite.

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